GRÃOS DA VERDADE
Se
pretendes grande prêmio,
Bela
vida e boa fama,
Não
te faças tagarela,
Nem
te demores na cama.
Suporta
com paciência
As
dores de teu roteiro.
Mais
vale a senda espinhosa
Que
as mãos de mau companheiro.
Dois
dardos arremessamos,
Lacerando
o coração:
– O
insulto que sai da boca
E
a pedra que sai da mão.
Não
publiques teu desgosto
Por
mais humilde e singelo.
Quando
o touro cai na praça
Alguém
afia o cutelo.
Cultiva
o silêncio amigo.
O
tolo que cerra os lábios
Pode
ser admitido
Como
sábio entre os mais sábios.
Se
procuras a alegria,
Sonhando
dias serenos,
Pensa
muito na jornada,
Fala
pouco e escreve menos.
No
serviço construtivo,
Guarda
a vida bem segura.
Meio
palmo de preguiça
Traz
dez léguas de amargura.
Quem
adota por sistema
Cerimônia
e condição,
Começa
gozando a paz
E
acaba na solidão.
Haja
pranto na bigorna,
Haja
aspereza no malho,
Ergue
o corpo cada dia
Para
a bênção do trabalho.
De
opiniões tresloucadas
Não
te percas ao sussurro.
O
burro que vai a Roma
Segue
asno e volta burro.
A
caridade cortês,
Desconhecida
no céu,
Costuma
esconder a bolsa
E
arregaçar o chapéu.
Quem
foge à paz e à bondade
Semeia
discórdia e treva.
Toda
obra sem amor
É
folha que o vento leva.
Chico Xavier - Gotas de Luz (1953)
0 comentários:
Postar um comentário